No momento histórico em que vivemos, onde o mundo da mobilidade é forçado a reavaliar seus conceitos, de forma a se adaptar a um novo período de responsabilidade ambiental, nada mais pertinente do que repassarmos a trajetória desta que foi a máquina de maior impacto no mundo do século XX – o automóvel – que a partir da implantação da linha de montagem por Henry Ford, acabou desencadeando conseqüências que vão muito além do chão de fábrica das montadoras, alterando profundamente toda a cadeia produtiva global, que se viu impelida a se adequar à nova lógica econômica, de produção seriada e de consumo em massa.
As conseqüências desse fato – como era de se esperar – foram tanto boas como más; E como todo processo evolutivo carrega em seu bojo alguns fortes solavancos em potencial, geralmente prenúncios de viradas históricas para melhor – mas que nos exigem um bom nível de discernimento e maturidade – é imperativo que, no atual momento histórico, olhemos para o futuro conscientes do caminho trilhado até aqui, para que não incorramos no erro de repetirmos as falhas do passado. Atentos para o fato do processo histórico não ser composto apenas de fracassos, podemos igualmente colher importantes lições de eficiência e sucesso em suas páginas. Afinal, é em cima do trabalho dos pioneiros que nos precederam que escrevemos nossos próprios capítulos na história.
Pensando assim, e sabedores da carência de informação com que muitas vezes se deparam os interessados pelo assunto, é que criamos o curso A HISTÓRIA DO DESIGN DO AUTOMÓVEL, que é o primeiro de uma série de cursos com os quais se pretende oferecer uma visão geral de como chegamos até aqui, da tração animal à tecnologia da informação embarcada.
Assim como a história possui duas faces – a dos sucessos e a dos fracassos – também o design nos oferece duas maneiras de vermos as coisas, a da razão e a da emoção. Sem dúvida alguma o automóvel é um dos produtos com maior carga emocional de todos os já criados pelo homem. Além de sua função básica como meio de transporte, ele ainda desempenha um notável papel como símbolo de status e de sedução. Nesse contexto, nada mais adequado que a valorização das belas formas escultóricas de uma carroceria, invariavelmente carregada de forte simbologia.
Entretanto, a “poesia da forma” esbarrou desde o princípio em limitações tecnológicas, econômicas e produtivas. Como conseqüência, o embate entre a arte e a técnica, bem como a harmonização entre elas, gerando muitas vezes como resultado veículos verdadeiramente fantásticos, é eivada de histórias saborosas e de verdadeiras sagas pessoais, sempre em busca da perfeição e da eficiência.
Sem a pretensão de contarmos todas essas histórias em um curso de curta duração, o que pretendemos na verdade é oferecer aos interessados a chance de repousarem seu olhar sobre o tema, conhecendo alguns de seus capítulos mais importantes. Quando já não for o caso, tal olhar pode acabar os arrebatando à condição de apaixonados pelo assunto. Dessa forma teremos cumprido parte de nossa missão, que é a de estimular o conhecimento e o respeito pela história do automóvel e de seus protagonistas, com o objetivo de entendermos e melhorarmos as condições da mobilidade do futuro como um todo.
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Grupo Soma.
